sexta-feira, julho 29, 2005

Era uma vez um gerador...


Os seus criadores puseram-lhe o nome de Van de Graaf.

Um dia estava eu a almoçar com alguém que muito estimo ali para os lados da Almirante Reis em Lisboa, quando entre um garfo de arroz à valenciana e um disco do Angelo Branduardi (A la fiera del'est) que teve a gentileza de me oferecer, ele me diz, " O Pedro tem que ouvir isto.." e escreveu as palavrinhas mágicas "H to the He".

Como se dizia antes, foi enamoramento à primeira audição.

Estamos a falar dos anos 70 e do movimento do Rock progressivo, uma música entre o experimental e o iconoclasta. A voz de um tempo em que tudo parecia possível.

Para quem não conhece, canta um senhor chamado Peter Hammil, poeta onde os há e com uma voz vinda do além.

O dono dos sopros é o David Jackson, força pura e dura.

Hugh Banton é o homem do orgão, com o qual faz as maiores peripécias.

Finalmente Guy Evans, o percursionista que impressiona pela sua presença e pelo ritmo que impõe ao grupo.

Para além da múscia, que o vosso neófito anfitrião não sabe por a tocar neste humilde palácio (mas que promete aprender), existem letras como esta:

So here we are, or rather, here am I, quite alone;
I'm seeing things that were shared before, long ago;
my memory stretches and I am dazed.
You know I know
how good the time was and how I laughed.
Times have changed, now you're far away, I can't complain -
I had all my chances but they slipped right through my hands
like so much sand;
I know I'll never dance like I used to.

I'll just wait till day breaks upon the land and the sea,
hoping that I can catch all of the memories;
then I must crawl off upon my way,
all of me listening hard for the final words.
But there are none, the sunrise calls, I've lingered on
too close for comfort and I don't know quite why
I feel like crying -I know we'll never dance like we used to.

I look up, I'm almost blinded
by the warmth of what's inside me
and the taste that's in my soul,
but I'm dead inside as I stand alone.

(Lost)


É ouvir para sentir. Sim,porque atrás da loucura há um sentido, é isso que impressiona e é isso que distingue este de outros grupos do rock progressivo.

Para ouvir de ouvidos bem abertos.

Sabem a melhor? Estamos em 2005 e eles reencarnaram. Nunca imaginei que 30 anos depois pudessem fazer aquilo que fizeram.

Mas disso falamos outro dia.

1 comentário:

Afonso Henriques disse...

Viva!
Cheguei cá tabelando no "Babugem".
"Consider youself linked", said the King to the artist.