sexta-feira, julho 29, 2005

3 livros

Vão de férias? Eu vou.

Leiam "Longe de Manaus" do Francisco José Viegas. Eu diria que é um Polícial tri-continental entre o velho e o novo Portugal. E olhem que novo não é sinónimo de melhor.

Leiam "O que é o Ocidente?" do Philippe Nemo. É como estudar um fóssil e vêr os diferentes períodos de sedimentação. The west is the best?

Finalmente, "As perturbações do pupilo Torless" do Robert Musil. Já tinha ouvido falar do Musil (quem não terá ?) mas nunca tinha lido. Não é para levar para a praia, mas é para viajar pelas inseguranças da juventude e pela procura de referências. Todos passámos, passamos ou passaremos por isso.

Volto logo logo. (se o wire ou o wireless me deixar continuo a escrever durante a semana)

3 pensamentos

No "Público" José Manuel Fernandes cita Tocqueville: "Vejo uma multidão incontável de homens semelhantes e iguais que revolteiam sobre eles mesmos em busca dos mais pequenos e vulgares prazeres, com os quais preenchem a alma. Cada um deles, separado dos outros, é como alguém a quem o destino dos outros é absolutamente indiferente".

No Figaro Littéraire redescobre-se Edmund Burke:" Pour lui, un peuple civilisé ne peut pas se constituer, il ne peut que se réformer".

Finalmente na New York Review of Books, John Gray, numa recensão crítica ao último de Thomas L. Friedman (The World is flat:A Brief history of the Twenty-first Century):"There is no systematic connection between globalization and the free market...Driven by technological changes that occur in many regimes, the process of globalization is more powerful than any of them...Globalization makes the world smaller. It may also make it...richer. It doe not make it more peaceful, or more liberal".

Quem é que disse que a história chegou ao fim? Eu não.

Era uma vez um gerador...


Os seus criadores puseram-lhe o nome de Van de Graaf.

Um dia estava eu a almoçar com alguém que muito estimo ali para os lados da Almirante Reis em Lisboa, quando entre um garfo de arroz à valenciana e um disco do Angelo Branduardi (A la fiera del'est) que teve a gentileza de me oferecer, ele me diz, " O Pedro tem que ouvir isto.." e escreveu as palavrinhas mágicas "H to the He".

Como se dizia antes, foi enamoramento à primeira audição.

Estamos a falar dos anos 70 e do movimento do Rock progressivo, uma música entre o experimental e o iconoclasta. A voz de um tempo em que tudo parecia possível.

Para quem não conhece, canta um senhor chamado Peter Hammil, poeta onde os há e com uma voz vinda do além.

O dono dos sopros é o David Jackson, força pura e dura.

Hugh Banton é o homem do orgão, com o qual faz as maiores peripécias.

Finalmente Guy Evans, o percursionista que impressiona pela sua presença e pelo ritmo que impõe ao grupo.

Para além da múscia, que o vosso neófito anfitrião não sabe por a tocar neste humilde palácio (mas que promete aprender), existem letras como esta:

So here we are, or rather, here am I, quite alone;
I'm seeing things that were shared before, long ago;
my memory stretches and I am dazed.
You know I know
how good the time was and how I laughed.
Times have changed, now you're far away, I can't complain -
I had all my chances but they slipped right through my hands
like so much sand;
I know I'll never dance like I used to.

I'll just wait till day breaks upon the land and the sea,
hoping that I can catch all of the memories;
then I must crawl off upon my way,
all of me listening hard for the final words.
But there are none, the sunrise calls, I've lingered on
too close for comfort and I don't know quite why
I feel like crying -I know we'll never dance like we used to.

I look up, I'm almost blinded
by the warmth of what's inside me
and the taste that's in my soul,
but I'm dead inside as I stand alone.

(Lost)


É ouvir para sentir. Sim,porque atrás da loucura há um sentido, é isso que impressiona e é isso que distingue este de outros grupos do rock progressivo.

Para ouvir de ouvidos bem abertos.

Sabem a melhor? Estamos em 2005 e eles reencarnaram. Nunca imaginei que 30 anos depois pudessem fazer aquilo que fizeram.

Mas disso falamos outro dia.

quinta-feira, julho 28, 2005

Corsi e Ricorsi

Imaginemos que Giambattista Vico tinha razão.

O filósofo italiano entendia que a história progredia segundo uma cadência ternária. Ao ciclo da natureza humana sucedia-se o da natureza poética e a este o da natureza heróica. Findo este começava de novo o primeiro. A cada um destes ciclos corresponde um determinado tipo de costumes,linguagem, carácter, direito e governo.

Actualmente vivemos o ciclo da natureza humana. Este sustenta-se em homens movidos pelo dever,que falam numa língua vernácula, carácter vulgar, um direito humanista e um governo igualitário.

O que é que se lhe segue? A natureza poética. Homens piedosos, falando uma língua divina, carácter solene (ligado ao divino), direito divino e governo teocrático.

Com disse um dia Alain Minc- há já uns anos e num contexto diferente- uma nova idade média!

Fixemo-nos do discurso público dos líderes mundiais.

Será?

quarta-feira, julho 27, 2005

Resposta da Sociedade Cívil

Caro Dr. Mário Soares,

Em resposta ao seu pedido de audição à sociedade cívil (onde parece que já consultou meio mundo, humildemente lhe digo NÃO.

Não se candidate. A melhor frase já foi citada pelos colegas de um outro blogue, este:

"Nunca Voltes a um lugar onde já foste feliz"

É triste ver como no PS, depois da primeira onda difícil para o barco, os Barões assinalados saltam todos para se agarrarem à mesma boia.

Citando um conhecido peixe de águas profundas "um frenesim, um frenesim".

Razões de um nome


O nome deste blogue vem de um livro "Evening in the Palace of Resaon" de James Gaines (Fourth Estate-2005).

Música e Política. Bach e Frederico "o Grande". A Europa dos séculos XVII e XVIII em todo o seu esplendor.

No fundo, um tempo de transição...tal como o de hoje.

Neste palácio entram todos aqueles que se preocupam com o Mundo.

Prazer pela argumentação, gosto pelas ideias. Uma boa discussão, é isto que propomos.

O princípio

Os bolgues são como a vida. Sabemos que começa, não sabemos como acaba. Mas sabemos que há vida para além do blogue! (só não sabemos se há vida para além da vida, mas quando descobrirmos prometemos não dizer nada a niguém).

Bem vindos ao Palácio.